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Oi, sou a Diana Conrado! Escritora, Redatora e Colunista do jornal Tudo SE, casada, ribeiraopretana e persistente. Aqui você encontra Resenhas Críticas, Crônicas, Poesias Pensamentos, atualizações sobre meus livros e entrevistas com Escritores #PapodePapel. Tudo isso e muito mais! Para melhor me definir, deixo aqui uma frase de Machado de Assis: "Eu gosto de olhos que sorriem, de gestos que se desculpam, de toques que sabem conversar e de silêncios que se declaram." Sejam bem-vindos!


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Navegando na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis Resenha Crítica por Diana Conrado



“...à medida que me vai lembrando e convindo à construção ou reconstrução de mim mesmo...”
Machado de Assis, Dom Casmurro.




Sinopse


Bento Santiago conhecido também como Bentinho, já um homem de idade, começa a  narrativa contando de onde viera a alcunha de Dom Casmurro, inventada por um jovem poeta em um trem, que tentara a ler para ele alguns versos.  E ao observar o rapaz que Bento cochilara durante a leitura, ficou chateado e apelidou-o daquela forma. E então, o narrador dá inicio ao projeto de rememorar sua existência, o que ele chama de "atar as duas pontas da vida". E assim, apresenta ao leitor a sua história desde a infância, onde vivia com a família num casarão da rua de Matacavalos, mas  seu “futuro” estava predestinado ao seminário em cumprimento de uma promessa feita por D. Glória.


Bentinho escuta uma conversa entre José Dias e D. Glória, que  é a de uma mãe que fez uma promessa, antes mesmo do nascimento do menino, que faria do seu segundo filho padre, em decorrência da perda do primeiro. Foi durante a conversa que D. Glória soube da amizade de Capitolina com Bentinho. A menina ao saber da conversa, começa a arquitetar uma maneira de Bentinho escapar do seminário, mas todos os seus planos fracassam e vence a promessa da mãe.


Durante o seminário, Bentinho conhece Ezequiel de Souza Escobar, que se torna seu melhor amigo. Em uma visita a casa da família do melhor amigo, Escobar conhece Capitu


Escobar encontra uma solução para Bentinho. E então, um escravo é enviado ao seminário no lugar do garoto.


Após torna-se advogado pelo Largo de São Francisco, em São Paulo,  Bento finalmente realiza o casamento tão sonhado com a morena Capitu. Já Escobar, também realiza seu casamento com uma amiga do colégio de Capitu.
Em meio a uma das aventuras à praia, Escobar, excelente nadador,  afoga-se e morre. E ao perceber que Capitu durante o amigo morto, não derramou sequer uma lágrima de sentimento, surge em Bento uma terrível desconfiança de que ela tinha sentimentos maiores pelo amigo, e assim passa a enxergar no filho a estreita semelhança com o falecido. E  ao se convencer de que fora traído por Capitu, nasce-se ali uma areia movediça, onde o solo saturado por líquidos de ciúmes e raiva, sugará-lo aos poucos ao amargurado Dom Casmurro.

Resenha Crítica


A obra Machadiana é perfeitamente admirável e bela. Falar sobre este autor é sempre uma tarefa muito árdua, não só pela complexidade presente em sua imortal gama literária, mas também, pelos diversos estudos  que têm sido elaborados durante décadas por renomados críticos literários. Está na ficção, em especial, o desafio lançado pelo leitor que tanto nos suscita o desvendamento obscurecido em cada parágrafo que move  estudos para inumerosas pesquisas. Nessa crítica sobre a obra Dom Casmurro, busca-se repensar o papel do tempo no decorrer do romance aclamado mundialmente como um  clássico da Literatura Brasileira, ou ainda, de acordo com a análise feita pela Crítica literária Helen Caldwell, estudiosa da obra Machadiana, especificamente esta que vos apresento, em The Brazilian Othelo of Machado de Assis, que tem o livro como “talvez o mais fino de todos os romances americanos de ambos os continentes”. Escrito pela primeira vez em 1899. Seu enredo gira em torno das memórias unilaterais de Bento Santiago, narrador-personagem que reconstrói a trajetória biográfica por meio da escrita, e que leva o leitor ao âmago da figura solitária percorrida num cenário ranço e contraditório.


Dom Casmurro completa a “trilogia realista” de Machado de Assis,  ao lado de Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, por possuir atitude crítica, objetividade e Contemporaneidade. Desde a proposta de separação entre as duas fases do autor, sendo a primeira  romântica e a segunda realista, pelo crítico José Veríssimo, a maioria dos críticos têm seguido essa tendência. Entre estes estão Alfredo Bosi e Roberto Schwarz. Para Afrânio Coutinho, o romance Memórias Póstuma de Brás Cubas denuncia o amadurecimento literário do autor. Dessa forma, a obra literária de Machado de Assis não apresentaria duas fases. Podemos assim dizer que o autor se dividi em dois momentos, contudo, não da maneira sugerida por Coutinho, mas por estratégia e observância de que o falido romantismo já ficara no passado e que o momento era a visão voltada a realidade. É um autor pronto para escrever romances em qualquer época e corrente literária. Muitos críticos preferem chamar Dom Casmurro de “realismo psicológico” por apresentar o interior, o pensamento, a ausência da ação aliada  à densidade psicológica e filosófica.


De acordo com John Gledson, Dom Casmurro "não é um romance realista no sentido de que nos apresenta abertamente os fatos, sob forma facilmente assimilável. Apresenta-se com eles, mas temos de ler contra a narrativa para descobri-los e conectá-los por nós mesmos. Na medida em que assim procedermos, descobriremos mais não só acerca dos personagens e dos acontecimentos descritos na história, mas também sobre o protagonista, Bento, o próprio narrador."  O que nos leva a concluir que Dom Casmurro é um romance realista, sim, porém, está  voltado para a exposição psicológica, criticando ironicamente a sociedade a partir do comportamento de determinados personagens, em ressonância da elite carioca.


Como fato de comparação entre os romances Machadianos, o ciúme está entre as temáticas, descrito pelas obras de muitos críticos, como Roberto Schwarz, Silviano Santiago e Helen Caldwell. Aplica-se em Machado de Assis o termo intratextualidade, proposto por Affonso Romano Sant’ Anna, em Paródia, paráfrase & cia,   Na obra criticada,  o ciúme e a  relação conjugal de Bentinho são temáticas, mas também, outro tema, bastante explícito é a ambientação escolhida a cidade do Rio de Janeiro, no Segundo Império, na casa de um homem da elite.


Em Dom Casmurro,  o tempo tem a memória como uma grande aliada para cumprir a missão de “pôr as cartas sobre a mesa,” de forma ordenada ou desordenada, porém de acordo com as experiências e disposição do narrador para a construção dos fatos. É através da memória de Bento Santiago que o leitor assiste do “grande vidro” as lembranças dele com a esposa, passivas de veracidade ou não, contadas na visão do narrador, podendo ser ilusões ou invenções. Não está em nossas mãos o poder de controlar o tempo, pois ele está sempre guiando e transformando pensamentos,  surpreendendo, espantando e aterrorizando.  Aquele que rememora o passado nem sempre quer preencher todo o quebra-cabeça, preferindo as reminiciências à verdade. O tempo se divide em real ou imaginário, podendo ser físico como  de Albert Einstein, algumas vezes histórico em registros cronológicos. É cabível observar que na obra criticada, encontra-se vestígios de um tempo histórico percorrido pelas décadas de 1840 a 1890, camuflados nas entrelinhas, aproximando o tempo imaginário do tempo real em uma época de grande influência da igreja Católica e  escravidão no Brasil pertencente ao período do Segundo Reinado governado por Dom Pedro II.


Quando o narrador dá inicio a narrativa encontra-se no “tempo presente”, ou seja, estamos nós leitores no tempo  físico do narrador: ‘Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro (...) (Pág. 13). Se observarmos bem, notaremos que já é um presente-passado, ainda que muito próximo, e se prosseguirmos ao  próximo capítulo temos a prova de uma vida solitária que deseja reconstruir o passado  no intuito de recuperar o tempo que fora vivido: “ Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas vamos lá. Um dia, há bastante anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Matacavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu. (Pág. 14). Bento Santiago se utiliza do tempo para reconstruir o espaço e  reviver a saudosa lembrança no intuito de recuperar o sentido da vida: “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”. (Pág. 14). De acordo com Kant o  espaço é o exterior capitado pelas experiências do sujeito e que está  condicionado aos sentidos presos aos objetos daquele que o percebe. Mas acrescento que não tão somente o exterior, mas também o interior, considerando a ideia de que construímos Universos em nosso “eu” particular.  Mas quanto tempo se passou na esfera narrativa? Não há uma precisão, sobretudo, o tempo psicológico. A essência do tempo está na memória, pois trata-se de um passado que tenta se reconstruir, e de um presente que se desvanece fatigosamente.

Referências biográficas:


Livros Consultados


ASSIS, Machado. Dom Casmurro. 39º Ed. 2008, Série Bom Livro, Editora Ática


Pdf, Crítica da Razão Pura de Immanuel kant:http://www.psb40.org.br/bib/b25.pdf - 11-08-2016 às 11:08


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Diana Conrado, nascida em Ribeirão Preto em 20 de dezembro de 1987, dedica-se ao Senhor através do seu louvor desde os 3 anos. Aos 10 anos, integrou o grupo de louvor de jovens e, posteriormente, tornou-se a primeira tecladista de uma nova congregação no bairro Jardim Juliana, onde a pequena igreja foi fundamental na salvação de mais de 24 jovens. Com seu primeiro livro, "Os Segredos de José: Do Poço ao Sucesso", lançado em 2021, Diana marca um ponto de virada em sua carreira espiritual, testemunhando sobre milagres e oferecendo um guia para mudanças significativas. Atualmente, trabalha em "Disse Sim, e Agora?", destinado a futuras noivas e esposas. Mantendo seu blog, oferece não apenas conteúdo religioso, mas também entrevistas, resenhas e poesias. Com formação em Letras, psicopedagogia e Psicanálise, além de estudos em Jornalismo, Diana continua seu serviço ao reino.

Comentários

  1. Maravilhosa resenha.
    Romance atemporal, se você pensa que um clássico como esse é para saudosistas saiba que se você ri dos exames de DNA nos programas de TV, irá ri muito mais das confusões de Capitu.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Verdade! Vale a pena ler e reler muitas e muitas vezes!

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  4. Acredita que nunca li? quando precisei ler não me lembro de como o fiz, porém, hoje mais maduro, com outro olhar sobre a Literatura, principalmente a Brasileira tenho sentido vontade de ler coisas mais antigas, gosto de Alvares de Azevedo, Vinicius de Moraes, Cruz e Souza, Augusto dos Anjos, voltados a poesia, sempre tive aquela ideia de que escritores como Machado de Assis Fundador da Acadêmia Brasileira de Letras, fazia parte de um grupo de pessoas que der repente decidiram, "vamos escrever difícil para que ninguém entenda, assim nos sentiremos melhores do que os outros", coisa da minha cabeça, mas o tempo passa, graças a Deus evoluímos, quer dizer os que buscam evoluir evoluem, e vamos aperfeiçoando nossos gostos, repensando coisas, mudando de ideias por vezes, por que não? Mas gostei e acredito que vou começar por Dom Casmurro.paz

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